Coisas que se ouvem...

Descrição do cenário: num passeio de uma via pública, uma mulher de 30 e tal anos, fala ao telemóvel num tom de voz, como direi... alto, e se isto não bastasse, esbraceja efusivamente, uma representação digna de uma autêntica estrela de Hollywood, ou então uma simples maluquinha... (qual a diferença, deverão estar a perguntar alguns leitores). A mulher usa uma indumentária totalmente à Floribella... quer dizer, usa uns jeans azuis que lhe ficam bem catitas (por acaso) em vez da saia ridícula às flores; em vez do casaquinho que parece ter sido comprado para a mais nova ou ter sido posto no programa errado de lavagem; esta mulher também não usa 400 pulseiras e pendericalhos em cada braço... Pensando melhor, esta mulher nada tem a ver com a Floribella e este foi apenas um pretexto para satirizar esta figura/fenómeno.

– Pois é … a vida vai mal sim senhor… isto calha sempre aos mesmos… andamos nós aqui a trabalhar que nem uns camelos para outros andarem aí em brutos Mercedes… [mulher pára, ajeita a sua camisola, ficando 2/3 da mama direita de fora, quase que dizendo “olá ao mundo”]

– …

– A sério? [Voz começa a atingir níveis que nem um Pavarotti seria capaz] Por acaso noutro dia reparei que o meu chefe só ‘tava a fazer olhinhos para a mamalhuda da secretária… digo-te, uma pessoa “á prioria” já sabe que os chefes são tarados, mas assim tanto… só sei que se quiser ter uma promoção vou ter que levar mais vezes aquela mini-saia… meto-me a cruzar e descruzar as pernas, e vamos a ver quem é a vaca que é promovida: eu ou a secretária.
[Finta umas bolas que se encontram no chão, qual Cristiano Ronaldo qual quê, só que com uma pequena grande diferença: estas bolas são mais pequenas, mais escuras, com imensas moscas à volta do seu belo aroma, além de que tocar nestas deixa uma marca pouco apetecível no calçado, ao contrário das outras… Estas bolas são mais conhecidas como “bostas de cão”, um verdadeiro paradigma dos passeios portugueses…].
Agora que já não ‘tou com o palhaço do Paulo tenho que aproveitar, esse vadio que me largou e nunca mais quis saber nada de mim…

– …

– O QUÊ ? [tom de voz tão agudo e alto que mais um furacão é gerado ao pé dos Açores] Oh minha “ganda” vaca… tão foste tu que me andas a encornar… e agora ligas-me a dizer que se vão casar…minha cabrita do monte, minha vacória leiteira, minha galdéria deslavada…
[Neste momento, carros param para apreciar o espectáculo, pessoas aparecem às janelas… até que num momento de completa loucura, esta mulher arremessa o telemóvel contra a parede mais próxima, gritando: “Morre Cabra”.
De seguida, tudo retomou a normalidade…]

Nota: Situação verídica, com apenas alguns pequenos acrescentos para abrilhantarem a cena...