sábado, janeiro 31, 2004

Viagem ao submundo de praças e feiras!!!

E quantos de vocês já se questionaram sobre quando é que o Monstro vos daria aquilo que é verdadeiramente essencial e vital... que é ... “Um guia para viajar pele submundo das praças e feiras”?
Pois é, e quem não tem saudades das belas manhãs de Sábado, passadas nas praças e nas feiras, sempre à procura das últimas tendências da moda e tecnologia?!
Para começar, nada melhor que uma viagem até às “montras” da malta muito morena, com toneladas de ouro ao pescoço e com uma pequena navalha no bolso (só para o petisco, pois está claro!). Claro que estou a falar dos ciganos, os gypse! Esta malta é muito curiosa, e o seu habitat – a bela da barraquinha, com uma antena da tv cabo no telhado, um bruto mercedes e uma ford transit branca à porta – alvo de profundos estudos! Até hoje, ainda ninguém descobriu os segredos deste povo, a razão porque se casam por volta dos 15/16 anos, porque é que os casamentos duram 3 dias, porque é que a maior parte desta malta é apanhada nos assaltos e no tráfico de droga e porque é que cada casal tem cerca de 20 filhos!!!
Nas suas “montras” apresentam grandes artigos, de grandes marcas conceituadas, como: um belo par de calças da Luis ou da Leves, o belo do ténis da Nique, da Ombro, ou mesmo da Ardidas!!! Claro que aproveitei a minha visita, para comprar umas calças da Leves e uma camisola do Benfica (original como eles me garantiram, e palavra de cigano é...)! Fiquei chateado depois, quando reparei que a etiqueta dizia “Ardidas/Confecção Soraia nas Galinheiras”; epá isto não se faz! Mas os ciganos não são desconfiados nem nada... desde que uma pessoa não faça movimentos bruscos, enquanto está a mexer na roupa, ou desde que não olhe mais de 5 segundos seguidos para as suas mulheres ou filhas! Há ciganas muita giras, mas é preciso ter muito cuidado se não se quiser levar uma chumbada no meio dos olhos!!!
De seguida, pode-se aproveitar para ir à banca da malta monhé! É recomendável a compra da “frôr” da praxe, isto se não quiser que o tipo vos persiga para todo o lado. Também a banca da malta oriental, com os seus brinquedos fabulosos, é um importante ponto de interesse! Recomendável a compra daquele fabuloso iô-iô luminoso (ao tirá-lo da caixa, é favor não desenrolar, se não quiserem que ele se decomponha de imediato!) e do belo do relógio (não o tentem é acertar, ou fazer grandes movimentos com os pulsos, se não quiserem que os ponteiros saltem!).
Por último, a visita à zona aromática do “pêxe”! Logo à entrada, certamente vão ser brindados com uma série de afáveis convites: “Oh geitoso, vem cá provar a minha bela sardinha! Anda cá ver a minha chaputa! Vem cá ver se o meu bacalhau tá bom, ou não!”. Tirando o facto de se tratarem de velhotas, com idade para serem quase minhas avós, tudo bem! O que eu acho giro é a forma harmoniosa e afável com que as peixeiras se tratam umas às outras! É bem engraçado, e extremamente recomendável para uma manhã bem passada, já que se fica a saber da vida sexual e não só, de metade do concelho!
Mas comprem o que comprarem, façam-se acompanhar pelos vossos avózinhos (caso não os encontrem, subornem algum sem-abrigo com uma ou duas carcaças, para fingirem que são vossos avózinhos!). Isto dá resultado (excepto na barraca dos ciganos, onde nem vale a pena ir com conversas!), pois eles põem-se a regatear com as vendedoras, a dizer para fazer um descontozinho já que são reformados e têm pouco dinheiro. À conta disto, conseguimos um desconto de 10 contos naquele casaquinho da cabedal que tanto queríamos!!!
Mainada, e espero que este guia vos sirva para alguma coisa, nem que seja para perderem 5 minutos a lê-lo enquanto podiam estar a fazer coisas bem mais interessantes!!! Até para a semana, seus grandes bolacheiros!!!